Opinião

Por uma escola que inspire

As escolas não são apenas lugares onde se ensina e se aprende. São, para milhares de crianças e jovens, um ponto de encontro com o mundo, o espaço onde se sonha, onde se projeta o futuro. Mas, para que este papel transformador seja possível, é preciso garantir que o ambiente onde decorre esse processo educativo seja digno, seguro e funcional.

Infelizmente, essa não tem sido, em muitos casos, a realidade das nossas escolas públicas. Basta entrar em alguns estabelecimentos de ensino para perceber sinais claros de abandono: projetores avariados, quadros obsoletos, infiltrações nas paredes, ginásios degradados e equipamentos desatualizados. Esta é a realidade em muitas escolas do Faial e também nas restantes ilhas do nosso arquipélago. São problemas que não apenas dificultam o trabalho de quem ensina, mas comprometem o direito de quem aprende.

É incompreensível que, em pleno século XXI, tenhamos escolas onde a falta de manutenção regular compromete a saúde dos profissionais e o bem-estar dos alunos. A degradação dos edifícios escolares não é apenas uma questão de estética. É uma questão de dignidade, de justiça, de respeito por quem lá passa grande parte do seu dia.

É urgente que as autarquias e o Governo Regional assumam, de forma clara e sustentada, um plano de intervenção nos equipamentos escolares da Região. Não podemos continuar a agir apenas perante emergências. É preciso planear, investir e prevenir. A ausência de uma estratégia de manutenção leva a reparações mais dispendiosas a médio prazo e, mais grave ainda, gera ambientes desmotivadores, que têm impacto direto no rendimento escolar, na frequência e até na autoestima de alunos e professores.

A escola tem de ser um lugar que inspire. Estruturas degradadas transmitem exatamente o contrário: a ideia de que a educação é secundária, de que o futuro pode esperar. E não pode. Porque as desigualdades começam muitas vezes aqui — quando uns têm direito a salas modernas e bem equipadas, e outros não têm sequer um espaço livre de infiltrações para estudar com tranquilidade.

Mais do que nunca, é fundamental ouvir quem vive o quotidiano das escolas: diretores, docentes, assistentes operacionais, estudantes, encarregados de educação. São estas vozes que conhecem melhor do que ninguém os problemas concretos e as soluções possíveis. Incluir essas perspetivas no diagnóstico e na definição das prioridades reforça o sentido de pertença e melhora a eficácia das intervenções.

O início deste século fica invariavelmente na história como a era do betão: construímos estradas, pontes, hospitais, escolas, edifícios públicos, entre outros. Priorizamos os investimentos mais relevantes e com real impacto na vida de todos os cidadãos. Cabe-nos agora, a difícil tarefa de fazer a manutenção destes investimentos, de reabilitar, de reconstruir, de requalificar.

Investir na escola é investir no futuro. É dar um sinal claro às novas gerações de que acreditamos nelas e que valorizamos a sua educação. E nenhuma criança, em nenhuma ilha, deve aprender rodeada de sinais de abandono. Cada escola deve ser, sim, um espaço onde o futuro começa com confiança e esperança.

Haja saúde!